Gestrinona: Vilã ou Mocinha?

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Quadro Histórico do hormônio sintético mais polêmico da atualidade: Gestrinona.

A Gestrinona, desenvolvida em meados dos anos 70, é um hormônio sintético, derivada da 19 nor (um anabolizante), que teve sua introdução médica, inicialmente usada para tratamentos de pacientes com endometriose, em 1986.

Em 1988, aproximadamente, foi realizado um estudo que dizia resumidamente o seguinte:

Vinte pacientes com diagnóstico prévio de endometriose, feito por laparoscopia ou laparotomia, foram tratadas com gestrinona. A dose usada foi de 2,5 mg três vezes por semana, durante seis meses. Todas as pacientes realizaram laparoscopia pós-tratamento. Os casos foram de endometriose estádio I (15), estádio II (1) e estádio III (4). Foi obtida amenorreia em todos os casos, com taxas acumuladas de ocorrência de “manchas” em 55 por cento. As principais queixas foram acne e seborreia e observou-se um aumento médio de peso de 4,2 Kg durante o tratamento. De 13 pacientes que referiram dor pélvica, todas apresentaram ausência de sintomas após o segundo mês de tratamento. Houve melhora ou cura das lesões endometrióides em 80 por cento dos casos. A gestrinona mostrou bons efeitos na melhora da dor pélvica e sobre as lesões endometrióide, com efeitos colaterais suportáveis.

Fonte: HALBE, Hans Wolfgang et al. Tratamento da endometriose com gestrinona. Revista Brasileira de Medicina, v. 41, n. esp., p. 8-12, 1994 (Acesse também pelo link aqui).

Com sua autorização de comercialização industrial vencida no exterior, perdeu espaço para se apresentar os benefícios clínicos diante do uso adequado para a doença da Endometriose.

Ainda assim, anos mais tarde, diante de uma má interpretação, infelizmente ganhou o rótulo de “chip da beleza”, que nada tem a ver com os objetivos do ativo. (Leia mais em Verdades e Mitos – Gestrinona)

Em 1993, um médico ficou conhecido por publicar artigos em revistas estragengeiras, Dr. Elsimar Coutinho iniciou então a comercialização da manipulação do fármaco, gestrinona.

Uma publicação proibindo a publicidade do fármaco, em dezembro de 2021, pode ter agravado a má interpretação do uso da gestrinona para tratamento da doença Endometriose, mas não ganhou forças.

No dia 13/07/2022, saiu no Diário Oficial da União pela manhã uma lista (RDC Nº 734) com alterações da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998, onde classifica a gestrinona como medicamento controlado pela ANVISA.

Atualmente, a polêmica que vem repercutindo nos canais de comunicação é a proibição de prescrição médica de implantes hormonais, de modo geral, para fins estéticos.

Porém, o questionamento que todos devemos fazer é:

Será que o uso adequado, ético e responsável, com embasamento científico para mulheres que sofrem com uma doença crônica, e que por muitas vezes destrói a sua qualidade de vida, não é realmente viável?

O tratamento terapêutico com uso de dispositivos dérmicos (nome adotado por nós, para implantes hormonais) para fins de saúde e qualidade de vida não importam?

Afinal, a gestrinona manipulada em farmácias magistrais, é mesmo a vilã da história?

Claro, todos esses questionamentos não devem apenas servir para reflexão, mas para trazer um olhar mais clínico para pacientes que realmente precisam desse medicamento, afim de conseguir ter uma rotina mais tranquila, sem dores ou desconfortos dentro ou fora dos seus períodos menstruais.

Qual a sua opinião a respeito?

Medless, saúde de dentro para fora.

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