Estresse e doenças: um desafio transdisciplinar

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estresse

O que é o estresse e como identifica-lo?

O estresse se da por respostas aos estímulos físicos e mentais.
Um exemplo é, quando realizamos várias tarefas ao mesmo tempo e isso acaba tomando conta do seu tempo de forma que não consiga ter um momento de descanso ou prazer.

O estresse pode se manifestar de várias formas.
O corpo desencadeia uma série de hormônios, uma produção acelerada que causa o famoso “estado de alerta”, ou até adrenalina.
Em segundos, esse processo pode levar a batimentos cardíacos mais acelerados, sudorese, dentre outros sintomas.

Quais efeitos negativos do estresse no organismo?

Antes de falar dos efeitos, é preciso entender como funciona o sistema de estresse.

Como dito acima, o estresse é uma resposta fisiológicas e comportamental.
E essa resposta é medida pela infraestrutura neuroendócrina celular e molecular complexa e interconectada que constitui o sistema de estresse e está localizada tanto no sistema nervoso central (SNC) quanto na periferia.

Além disso, estressores altamente potentes e/ou crônicos podem ter efeitos prejudiciais em uma variedade de funções fisiológicas, incluindo crescimento, metabolismo, reprodução e competência imunológica, bem como no comportamento e no desenvolvimento da personalidade.

O sistema de estresse integra uma diversidade de sinais neurossensoriais
(visuais, auditivos, somatossensoriais, nociceptivos e viscerais), transmitido pelo sangue e límbicos que chegam aos vários centros/estações do sistema de estresse por vias distintas.

Essa ativação desencadeia um conjunto de mudanças, tanto comportamentais como físicas, que são denominadas síndrome do estresse.
A adaptação comportamental inclui aumento da excitação, estado de alerta, vigilância, cognição, atenção focada e analgesia, enquanto isso ocorre, existe uma inibição concomitante de funções vegetativas, como alimentação e reprodução.

Todo esse processo tem início lá na infância, quando começamos a desenvolver funções executivas, o que se tornará determinante para nosso comportamento social.

Funções executivas, doenças e estresse

As funções executivas são habilidades desenvolvida pelos circuitos do nosso cérebro.
As principais, e mais citadas na literatura da neurociência são: a memória de trabalho, a flexibilidade cognitiva e o controle inibitório.

Memoria de trabalho é a capacidade que o cérebro tem de armazenar temporariamente algum processo de aprendizagem durante a vida, por exemplo, apresentar um TCC na faculdade, ou dirigir.

Quando se aprende a dirigir, várias informações são absorvidas, enquanto às executamos, esse processo é multitarefa, e para manter a atenção enquanto dirigimos e lembrar de observar vários acontecimentos ao redor, é necessário ter desenvolvido a memória de trabalho, ou memória operacional.

A flexibilidade cognitiva diz respeito a habilidade de reagir à mudanças de rotina ou hábitos, que podem e vão existir no dia-a-dia das pessoas, sem se prender a padrões rígidos preestabelecidos.
Um exemplo da flexibilidade cognitiva, o foco, conseguir mudar de foco repentinamente, ou até mesmo mudar de rotina quando por exemplo, o ônibus que pegamos todos os dias no mesmo horário quebra.
É saber lidar com os imprevistos que ocorrem, e se adaptar a eles.

O controle inibitório, é contrário a impulsividade, no caso, saber lidar com emoções, sentimentos e acontecimentos externos que exigem o controle inibitório, inibir a espontaneidade ou comportamentos extremos de impulsividade que traga arrependimento depois, causando problemas realmente difíceis de superar.

Mas o que isso tem a ver com as doenças?

Você deve estar se perguntando o que e como isso influencia no desenvolvimento de doenças, pois bem, existem vários estudos, uns ainda sendo pesquisados, outros já comprovados.
Na ligação que existe entre o sistema nervoso central e doenças gastrointestinais e autoimunes, e até mesmo o desenvolvimento de doenças mais graves, como o câncer.

As funções executivas dever ser estimuladas desde o início do ciclo da vida, e desenvolvidos ao longo da jornada, garantindo assim a inibição de fatores psicossomáticos que ativam os sintomas do estresse.

Como funciona o sistema de estresse?

A ativação do sistema de estresse central é baseada em conexões neurais reverberativas recíprocas, como o hormônio liberador de corticotropina (CRH), identificado em várias partes do SNC (Sistema Nervoso Central) incluindo partes do sistema límbico, o prosencéfalo basal, a hipófise anterior e os sistemas simpáticos de excitação central.

Em estudo, o isolamento e administração do CRH, pode acarretar mudanças fisiológicas e comportamentais, inibindo o stresse, como:

Adaptação Comportamental

  • Redirecionamento adaptativo do comportamento
  • Aumento da excitação e do estado de alerta
  • Aumento da cognição, vigilância e atenção focada
  • Supressão do comportamento alimentar
  • Supressão do comportamento reprodutivo
  • Inibição da motilidade gástrica; estimulação da motilidade colônica
  • Contenção da resposta ao estresse

Adaptação Física

  • Redirecionamento adaptativo de energia
  • Oxigênio e nutrientes direcionados ao sistema nervoso central e locais do corpo estressados
  • Alteração do tônus ​​cardiovascular; aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca
  • Aumento da frequência respiratória
  • Aumento da gliconeogênese e lipólise
  • Desintoxicação de produtos tóxicos
  • Inibição dos eixos reprodutivos e de crescimento
  • Contenção da resposta ao estresse
  • Contenção da resposta inflamatória/imune

O CRH se junta com receptores específicos, acoplados com a proteína G, e são encontrados em vários locais periféricos, incluindo a medula adrenal, próstata, intestino, baço, fígado, rim e testículos.
Nós podemos ter subtipos de hormônio liberador de corticotropina (CRH, o CRH-R1 e o CRH-R2.

O CRH-R1 é encontrado boa parte em nosso cérebro, principalmente na hipófise anterior, neocórtex e cerebelo, enquanto também é expresso na glândula adrenal, trato gastrointestinal, pele, ovário e testículo.

OCRH-R2, na vasculatura periférica, músculos esqueléticos, trato gastrointestinal e coração, e também exibem uma ampla distribuição nas estruturas subcorticais do cérebro, por exemplo, no septo lateral, amígdala e hipotálamo.

Mas quais os efeitos negativos do estresse no organismo?

vamos apresentar pequenas partes de estudos com embasamento científico.

Gastrointestinal

Estudos realizados em mulheres com doenças gastrointestinais revela que na sua maioria, dentro da amostragem de análises, existiam mulheres que sofreram abusos sexuais.

Metabolismo

Mudança do metabolismo para um estado catabólico pelo eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal) ativado normalmente reverte com a retração do(s) estressor(es) imposto(s).
No entanto, a ativação crônica do eixo HPA pode ter uma série de efeitos prejudiciais, incluindo aumento da adiposidade visceral, atividade osteoblástica suprimida, diminuição da massa corporal magra (diminuição da massa muscular e óssea causando sarcopenia e osteopenia) e resistência à insulina.

Tireoide

A inibição da atividade do eixo da tireoide relacionada ao estresse também foi documentada.
A ativação crônica do eixo HPA está associada à diminuição da produção do hormônio estimulante da tireoide (TSH) e à conversão inibida da tiroxina (T4) relativamente inativa na triiodotironina (T3) mais biologicamente ativa nos tecidos periféricos (uma condição descrita como síndrome do “doente eutireoidiano” ).

Sistema Inunológico

São moduladas em vários níveis por glicocorticóides com cortisol suprimindo o sistema imunológico.
A nível celular, os principais efeitos anti-inflamatórios incluem alteração de tráfego e função de leucócitos.
Isso constitui um mecanismo adicional pelo qual o sistema de estresse pode estar implicado na patogênese da inflamação crônica e doenças relacionadas ao sistema imunológico.

Evidências em estudos mais recentes, indicam que o estresse pode influenciar a resposta imune de uma forma ainda mais complicada.
De fato, o aparelho imunológico periférico sinaliza ao cérebro para participar da manutenção da homeostase imunológica e comportamental.

Outras condições clínicas associadas à atividade do Eixo Hipotálamo-Hipofisário-Adrenal (HPA) Alterada ou desregulação da resposta adaptativa ao estresse:

Aumento da atividade do eixo HPA

  • Estresse crônico
  • Depressão melancólica
  • Isso já está em português
  • Transtorno obsessivo-compulsivo
  • Síndrome do pânico
  • Exercício excessivo (atletismo obrigatório)
  • Alcoolismo ativo crônico
  • Abstinência de álcool e narcóticos
  • Diabetes mellitus
  • Obesidade central (síndrome de pseudo-Cushing)
  • Abuso sexual na infância
  • Hipertireoidismo
  • Síndrome de Cushing
  • Gravidez

Diminuição da atividade do eixo HPA

  • Insuficiência adrenal
  • Depressão atípica/sazonal
  • Síndrome da fadiga crônica
  • Fibromialgia
  • Hipotireoidismo
  • Abstinência de nicotina
  • Pós-terapia com glicocorticóides
  • Cura pós-síndrome de Cushing
  • Período pós-parto
  • Estresse pós crônico
  • Artrite reumatoide
  • Síndrome da tensão pré-menstrual
  • Depressão climatérica

Para concluir, agora sabemos inúmeras doenças que podem ter relação com estresse, e como trabalhar emoções e sentimentos para controlar melhor essa habilidade.

Mas, qual o desafio transdisciplinar?

O ideal é procurar um médico e investigar melhor a área neurológica, as vezes tentamos tratar algo sem identificar afundo o problema e pode ser que não resolva de fato, afinal “o problema” é outro.

E o desafio é você contra você. Cuidar da mente da trabalho, mas é um trabalho necessário.

Se hidrate adequadamente, procure manter uma alimentação balanceada, faça exercícios físicos, evite excesso de bebidas alcoólicas e tabaco, faça seu dia render de forma que lhe agrade, em que você se sinta a vontade.

Dê risada, se permita chorar se necessário, consulte frequentemente um médico, evite industrializados e começe hoje.
1% por dia são 365% por ano, pense nisso, não acumule estresse, acumule sorrisos.

Medless, saúde de dentro para fora!

* esse blog tem embasamento científico.

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