Afinal, o que é e para que serve o Lítio?
Em resumo para a área da saúde, o Carbonato de Lítio (Carbolitium) é um medicamento que atua para saúde mental no sistema nervoso central, como estabilizador do humor, mantendo pacientes com Transtorno Bipolar tipos 1 (com mania e depressão maior) e 2 (com depressão e hipomania) estáveis.
O Lítio também atua em casos de risco de suicídio, em adultos e crianças, além dos quadros de esquizofrenia.
A descoberta do Lítio
John Cade (1929-1996), um psiquiatra australiano, acidentalmente iniciou uma nova era no tratamento psiquiátrico usando carbonato de lítio para tratar a mania em 1949.
Seu uso do lítio surgiu da hipótese de que as principais doenças mentais poderiam estar associadas a deficiências ou excessos de substâncias químicas não identificadas, incluindo acúmulos de metabólitos nitrogenados.
Antes de dar certo, deu muito errado, como por exemplo, todos os casos de intoxicação aguda devido ao uso de sais de lítio como substituto do cloreto de sódio (conhecido como sal de cozinha).
Após os estudos realizados por Cade, outros continuaram as pesquisas e descobertas sobre o uso do lítio para o nosso cérebro.
E aos poucos o medicamento foi ganhando espaço na prática clínica em todo o mundo.
O Lítio atualmente
Até hoje, continua sendo considerado o o primeiro medicamento classificado como estabilizador de humor e como primeira linha de tratamento do TAB (Transtorno Afetivo Bipolar).
Seus efeitos adversos incluem síndrome metabólica (ganho de peso com diabetes, hipertensão arterial e aumento de lipídios no sangue), resistência à insulina, movimentos anormais.
Embora o lítio seja eficaz no tratamento de episódios maníacos agudos, seu valor primário é como um agente “estabilizador do humor”, visando a prevenção a longo prazo e o acompanhamento controlado por exames periódicos de sangue, uma vez que o controle da dosagem ideal não cause outros efeitos colaterais desconfortáveis para o paciente.
Como o Lítio funciona em nosso organismo?
O mecanismo de ação do lítio não é conhecido.
É rapidamente absorvido, tem um pequeno volume de distribuição e é excretado na urina inalterado (não há metabolismo do lítio).
O lítio modifica o transporte de sódio nas células nervosas e musculares. Altera o metabolismo dos neurotransmissores, especificamente catecolaminas e serotonina.
Pode alterar a sinalização intracelular via sistemas de segundo mensageiro pela inibição do monofosfato de inositol.
Essa inibição, por sua vez, afeta a neurotransmissão por meio do sistema de mensageiro secundário fosfatidilinositol.
O lítio também diminui a atividade da proteína quinase C, o que altera a expressão genômica associada à neurotransmissão.
Ele parece aumentar as proteínas citoprotetoras e possivelmente ativa a neurogênese e aumenta o volume da substância cinzenta.
A meia-vida dele é de 18 a 30 horas e tem menor absorção com o estômago vazio.
Contraindicações
Não é recomendado em pacientes com:
- Insuficiência renal;
- Doenças cardiovasculares;
- Gravidez;
- Uso de diuréticos;
- Desidratação Carência de sódio;
- Crianças menores de 12 anos.
O lítio causa alterações reversíveis da onda T e pode desmascarar a síndrome de Brugada.
Uma consulta de cardiologia é necessária se um paciente apresentar palpitações inexplicadas e síncope.
Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais mais comuns que podem aparecer, incluem:
- Aumento da sede;
- Aumento da excreção urinária;
- Sensação de enjoo ou náusea;
- Dores ligeiras do estômago;
- Ligeiro tremor das mãos;
- Sonolência;
- Enfraquecimento muscular ligeiro;
- Diminuição da capacidade ou interesse sexual;
- Ligeira tontura;
- Fezes moles (na realidade não diarreia);
- Aumento de peso, devido ao aumento do apetite;
- Sabor metálico (paladar);
- Boca seca;
- Predisposição para acne ou psoríase;
- Tremores;
- Fadiga;
- Contagem elevada de glóbulos brancos;
- Sede;
Na realidade, como o lítio deve ser controlado com exames de sangue com uma certa frequência até a dosagem ser adaptável ao organismo, os efeitos colaterais irão depender da dose.
Desmame do Lítio
O psiquiatra geralmente prescreve lítio, mas os níveis do medicamento são frequentemente monitorados pelo prestador de cuidados primários, como enfermeira de saúde mental, farmacêutico e internista, funcionando como uma equipe interprofissional.
Caso a paciente deseje engravidar é necessário fazer o desmame do medicamento para que a quantidade de lítio encontrada no leite, durante a amamentação seja de zero.
Lembrando que é contraindicado para crianças menores de 12 anos.
Se a paciente engravidar, a suspensão do uso deverá imediata.
No caso do lítio, caso a interrupção seja rápida demais, há risco de reincidência dos sintomas, necessidade de hospitalização e comportamento suicida.
Esses riscos são mais altos nos 6 a 12 meses após a descontinuação repentina do uso do remédio.
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Procure sempre um médico especialista para diagnóstico, prevenção e tratamento de qualquer das doenças mencionadas neste artigo.
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Referências
IPPR https://institutodepsiquiatriapr.com.br/blog/guia-de-uso-de-sais-de-litio/
Jornal Internacional de Transtornos Bipolares, 2019 https://journalbipolardisorders.springeropen.com/articles/10.1186/s40345-019-0151-2#Abs1
PUBMED https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK519062/
A História da Perturbação Bipolar https://www.adeb.pt/news/a-historia-da-perturbacao-bipolar