O MPOX, também conhecido como Monkeypox, é um vírus zoonótico que tem causado preocupação crescente em todo o mundo devido à sua rápida disseminação e à gravidade dos surtos em algumas regiões, especialmente na África Central. Dessa forma, o presente artigo visa fornecer uma visão abrangente sobre o MPOX, abordando suas características, os fatores que contribuem para a alta mortalidade no Congo, sua disseminação global e as medidas necessárias para prevenir uma nova pandemia.
O que é o MPOX?
O MPOX é um vírus pertencente ao gênero Orthopoxvirus, da família Poxviridae. Ele é geneticamente relacionado ao vírus da varíola, embora seja menos mortal. O MPOX foi identificado pela primeira vez em macacos em 1958, e o primeiro caso humano foi registrado na República Democrática do Congo (RDC) em 1970. A doença se manifesta através de febre, erupções cutâneas que evoluem para pústulas, dores musculares, linfadenopatia e, em casos graves, pode levar à morte.
Grande Número de Mortes no Congo: Situação Sanitária e Falta de Vacinas
O Congo continua a ser o epicentro de surtos de MPOX, com uma taxa de mortalidade significativamente mais alta em comparação com outras regiões. Diversos fatores contribuem para essa realidade:
- Situação Sanitária Precarizada: A RDC enfrenta graves desafios de infraestrutura de saúde, com acesso limitado a cuidados médicos, saneamento básico inadequado e falta de instalações adequadas para isolamento de pacientes infectados. Essas condições propiciam a disseminação do vírus e dificultam a implementação de medidas eficazes de controle.
- Falta de Vacinas: Diferente de outras doenças como a varíola, para a qual já existe uma vacina eficaz, o MPOX não conta com uma vacinação específica amplamente disponível. O acesso limitado a vacinas, aliado à desinformação, contribui para a alta mortalidade. Mesmo a vacina contra a varíola, que oferece proteção cruzada, não está amplamente disponível na RDC, agravando ainda mais a situação.
- Dificuldades Socioeconômicas: A pobreza extrema e o deslocamento forçado devido a conflitos armados aumentam a vulnerabilidade da população congolesa. A mobilidade descontrolada facilita a disseminação do vírus para áreas remotas e densamente povoadas.
Sua Ocorrência em Outros Países: Brasil e Europa
Recentemente, o MPOX foi detectado em várias partes do mundo, incluindo países do Ocidente, como o Brasil e nações da Europa. No Brasil, o vírus foi identificado principalmente em áreas urbanas, o que é preocupante devido à alta densidade populacional e à possibilidade de disseminação rápida. Na Europa, surtos foram registrados em países como o Reino Unido, Portugal e Espanha, muitas vezes ligados a viagens internacionais ou contato com indivíduos infectados.
Os casos fora da África foram, até agora, menos letais, mas a presença do vírus em novos territórios demonstra a capacidade de disseminação global e a necessidade urgente de vigilância epidemiológica.
Medidas de Prevenção para Evitar uma Nova Pandemia
Para se evitar que o MPOX evolua para uma nova pandemia, várias medidas devem ser implementadas:
- Fortalecimento da Vigilância Epidemiológica: os Países devem intensificar a vigilância epidemiológica, especialmente em aeroportos e fronteiras, para identificar e isolar rapidamente casos suspeitos. A troca de informações entre as autoridades sanitárias é crucial para monitorar a disseminação do vírus.
- Desenvolvimento e Distribuição de Vacinas: É urgente o desenvolvimento de uma vacina específica para MPOX ou a ampliação do uso da vacina contra a varíola, que oferece alguma proteção cruzada. A distribuição equitativa dessas vacinas, especialmente para países com alto risco, como a RDC, é fundamental.
- Educação e Conscientização Pública: Campanhas de conscientização pública sobre as formas de transmissão do MPOX e medidas de proteção são essenciais para reduzir a disseminação do vírus. Isso inclui informações sobre a importância do isolamento de indivíduos infectados e o uso de equipamentos de proteção individual.
- Melhoria das Infraestruturas de Saúde: Nos países mais afetados, como a RDC, é vital melhorar a infraestrutura de saúde, com o estabelecimento de unidades de isolamento e a formação de profissionais de saúde para o manejo adequado de surtos.
- Pesquisa e Desenvolvimento de Tratamentos: Investir em pesquisas para o desenvolvimento de antivirais específicos contra MPOX pode ser uma medida complementar eficaz para tratar casos graves e reduzir a mortalidade.
Conclusão
O MPOX representa uma ameaça emergente com potencial para causar uma nova crise de saúde pública global. A alta mortalidade no Congo destaca a necessidade de intervenção urgente, incluindo o fortalecimento da infraestrutura de saúde, distribuição de vacinas e promoção da conscientização pública. A prevenção de uma nova pandemia exige esforços coordenados globalmente, com foco em medidas de vigilância, vacinação e educação, garantindo que lições aprendidas de pandemias passadas, como a COVID-19, sejam aplicadas para proteger as populações em risco.
Referências
- Yinka-Ogunleye, A., Aruna, O., Dalhat, M., et al. “Outbreak of human monkeypox in Nigeria in 2017–18: a clinical and epidemiological report.” The Lancet Infectious Diseases, vol. 19, no. 8, 2019, pp. 872-879.
- McCollum, A. M., & Damon, I. K. “Human monkeypox.” Clinical Infectious Diseases, vol. 58, no. 2, 2014, pp. 260-267.
- Beer, E. M., & Rao, V. B. “A systematic review of the epidemiology of human monkeypox outbreaks and implications for outbreak strategy.” PLoS Neglected Tropical Diseases, vol. 13, no. 10, 2019, e0007791.
- World Health Organization (WHO). “Monkeypox – Democratic Republic of the Congo.” Disease Outbreak News, 2021.