
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é hoje uma das condições que mais reflete esse processo inflamatório no corpo feminino.
Mulher, talvez você não saiba, mas muitas das suas queixas diárias, como cansaço extremo, ansiedade, alterações no peso, dificuldade para dormir ou até aquela TPM mais intensa, podem estar relacionadas a um estado de inflamação crônica de baixo grau, algo muito mais comum do que imaginamos.
Dados do Ministério da Saúde e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) apontam que 1 em cada 10 mulheres em idade fértil no Brasil convive com a SOP — e mais de 50% delas desconhecem que têm a condição.
Mas, atenção: não é só a SOP que tem esse fundo inflamatório.
Condições como endometriose, doenças autoimunes (como tireoidite de Hashimoto e lúpus), obesidade, resistência à insulina e até depressão estão profundamente ligadas a esse quadro.
O que é uma inflamação silenciosa?
É um processo no qual o organismo libera mediadores inflamatórios constantemente, sem gerar sintomas agudos (como febre), mas que lentamente afetam a função de órgãos, hormônios e o metabolismo.
Dados que alertam:
- Mulheres com SOP têm 2,7 vezes mais risco de desenvolver diabetes tipo 2.
(Fonte: RBGO, 2021) - A endometriose afeta cerca de 10% das mulheres brasileiras em idade reprodutiva, muitas vezes acompanhada de fadiga crônica, ansiedade e inflamação persistente.
(Fonte: Ministério da Saúde, 2023) - 75% das mulheres com SOP apresentam resistência à insulina, o que agrava ainda mais a inflamação.
(Fonte: PubMed, 2022)
Quais os riscos do não tratamento?
A inflamação crônica não controlada pode gerar um risco maior de doenças cardiovasculares, desenvolvimento de síndrome metabólica, infertilidade, aumento da chance de desenvolver diabetes tipo 2 e hipertensão, impactos diretos na saúde mental, com aumento de casos de ansiedade e depressão.
Por que os hormônios são tão afetados?
Quando o corpo está inflamado, há uma desregulação na produção e função de hormônios-chave como insulina, estrogênio, progesterona e cortisol. Isso explica sintomas como:
- Alterações no humor
- Queda de cabelo
- Acne persistente
- Ganho de peso, mesmo com alimentação adequada
- Fadiga e dificuldade de concentração
Como o Cortisol, Estrogênio e Progesterona Afetam o Humor?
O equilíbrio hormonal tem influência direta sobre o humor, os vínculos afetivos e até mesmo a forma como vivenciamos o amor e os relacionamentos. E não é coincidência: nosso cérebro responde intensamente às flutuações hormonais.
Estrogênio: O Hormônio da Vitalidade e Bem-Estar
- Atua diretamente na produção de serotonina, conhecida como o neurotransmissor da felicidade.
- Potencializa a produção de dopamina, que regula prazer, motivação e libido.
- Quando está em equilíbrio, promove disposição, bom humor, autoconfiança e bem-estar.
- A baixa de estrogênio — comum na TPM, pós-parto, perimenopausa e menopausa — está associada ao aumento de sintomas como tristeza, ansiedade, insônia e irritabilidade.
Progesterona: O Hormônio Calmante
- Conhecida como o “ansiolítico natural” do corpo feminino.
- Atua nos receptores GABA do cérebro, responsáveis pela sensação de calma, relaxamento e estabilidade emocional.
- Sua queda no período pré-menstrual explica porque muitas mulheres relatam maior sensibilidade emocional, choros fáceis, sensação de solidão e maior necessidade de acolhimento.
Cortisol: O Hormônio do Estresse e da Sobrevivência
- Em níveis saudáveis, é essencial para energia, foco e resposta aos desafios.
- Quando elevado cronicamente (estresse constante), desregula todo o eixo hormonal:
- Inibe a produção de estrogênio e progesterona.
- Aumenta a ansiedade, irritabilidade, queda de libido, compulsão alimentar e distúrbios do sono.
- O cortisol desregulado pode gerar um ciclo vicioso de estresse crônico, fadiga, depressão e até isolamento emocional.
Por que isso importa? Existe saída?
Sim! E ela é acessível. O primeiro passo é entender que estilo de vida é pilar de tratamento, junto, é claro, com acompanhamento médico.
- Alimentação anti-inflamatória acessível: arroz, feijão, ovos, vegetais locais, frutas da estação, azeite e oleaginosas.
- Movimento: caminadas, dança, treino funcional em casa, pilates ou alongamentos.
- Sono de qualidade e manejo do estresse (sim, isso também regula seus hormônios!).
- E quando indicado, uma modulação hormonal segura e individualizada, feita por profissionais especializados.
Seu corpo fala todos os dias. O que ele tem te contado?
Cuidar da sua saúde hormonal é investir não só no presente, mas em toda a sua saúde futura.
Fontes: Ministério da Saúde, RBGO, PubMed, Endocrine Society